a cada pôr-do-sol dei o teu nome e entardeço contig0 infinitamente em cada poente
alexandra, novembro 2016
sábado, 20 de agosto de 2016
caem como asas quebradas
todos os sonhos incumpridos agitam-se no fundo do tempo e no quebrar das marés soluçam a cada crepúsculo esses pássaros da memória que ensopam de dor a alvura quente dos lençóis
alexandra, agosto 2016
sábado, 10 de outubro de 2015
não quero falar de ti
nem do tempo sumido nos silêncios das palavras que não dissemos porque existimos ainda na maresia azul dos oceanos e nos arco-íris que pintámos descuidadamente uma e outra vez existimos na brisa das marés e nos passos escritos na areia são nossas as mãos-coral que ondulam nos recifes da
memória aí perduramos perpétuos nesse retiro encantado e hoje a minha solidão é este punhado de lembranças
alexandra,
outubro 2015
quinta-feira, 16 de julho de 2015
se um dia
a vida te roubar de mim
serei rio inquieto
no teu leito
e hei de percorrer as margens do teu ser
qual seixo cativo do
teu fado
nessora adunados
despidos os pesares
abraçaremos a torrente
e lograremos alcançar o mar
alexandra, junho de 2015
terça-feira, 23 de junho de 2015
não me peças que te explique
o aroma das noites
que emana da planície iluminada
de deuses e memórias
e se recolhe em mim
no meu peito de azul cobalto
moram estios de anis e mel
baloiçam poentes de areia fina
na cadência morna do meltemi
que cicia enlaçado a meus pés
não sei
serei talvez
escolho de tantas ruínas
sonhando brasas na tela dos dias
não me perguntes porquê
alexandra, abril, 2015
segunda-feira, 22 de junho de 2015
permaneces aqui
e a tua voz é este silêncio
que fecunda as paredes da casa
e grita a tua ausência a cada dia
permaneces em mim
e os teus passos ecoam nos lugares
trancados no tempo
povoam meus sonhos agrilhoados
permaneces
no odor lilás da glicínia
cosido à alma dos dias
e das madrugadas frias
estás em mim
como água que não
mata
esta insaciável sede de ti
alexandra, fevereiro, 2015
domingo, 4 de janeiro de 2015
trago-te nos olhos
meu amor
do crepitar da aurora
ao entorpecer da vida
duras no meu peito
és o abraço perpétuo
matizado na alma
árida de ti
alexandra, janeiro, 2015
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
dissipa-se o tempo entre os dedos dos dias desmaiados
e como silêncios caídos regelam as quimeras penduradas no sossego dos lábios